A falta de informações sobre a qualidade geral no Brasil faz com que os consumidores e empresários fiquem apenas com suas percepções sobre a melhora, estabilidade ou piora
Caros leitores do blog Análise Crítica.
Estamos no início de 2022 e será importante, como ocorre em todo o início do ano, fazer uma reflexão sobre a qualidade no Brasil.
Gostaria de começar esta reflexão falando de algo que me incomoda muito; a existência da norma ABNT NBR 5426 e 5427 (normas de planos de amostragem) derivadas da MIL-STD-105 (cancelada em 1995, graças aos céus). Estas normas são uma afronta ao moderno conceito da qualidade. Segundo estas, pagamos por 100% do produto, mesmo não tendo 100% de produtos bons. Parece uma besteira não!? Mas acreditem, muitas empresas nacionais e multinacionais utilizam estas normas com os níveis de NQA (nível de qualidade aceitável) de arrepiar os cabelos de Deming, Juran, Akio Morita, etc. e os meus poucos também.
Algumas empresas ainda insistem em dizer que não conseguem garantir 100% da qualidade do produto e, portanto, colocam nos contratos uma porcentagem de defeitos a serem aceitos pelo comprador. O que diriam nossos concorrentes japoneses, chineses, alemães, norte-americanos desta cláusula de contrato?
Caminhando para o campo dos profissionais da qualidade (diretores, gerentes, supervisores, líderes, inspetores, auditores etc.), acredito fielmente que muitos destes desconhecem os conceitos básicos da “gestão” da qualidade. Nomes como Deming, Juran, Ishikawa, Feigenbaum, Taguchi, S Shingo, Crosby, entre outros, são inteiramente desconhecidos pela maioria dos profissionais da qualidade formados nos últimos 10 anos.
Atualmente é mais fácil estes conhecerem as ferramentas básicas da qualidade (brainstorm, 5 porquês, diagrama de causa e efeito) do que os 14 Pontos de Deming ou as 7 Doenças Mortais da Gestão. Conhecem os ingredientes, mas desconhecem a receita ou mesmo a cozinha.
A moda “retrô” tem invadido várias áreas do nosso cotidiano, mas nunca pensei que isto fosse parar na área da gestão da qualidade, pois estamos voltando à década de 50. Havia dogmas (grego = o que se pensa é verdade) na gestão da qualidade:
· zero defeito é impossível; fechar a tolerância significa qualidade;
· inspeção em massa é crucial para a qualidade;
· comprar pelo preço mais baixo (sem olhar os custos);
· desenhos e especificações são apenas para referência;
· tudo que se faz precisa estar escrito (informação documentada), portanto registrada (informação documentada);
· local de produto não conforme ou suspeito deve estar em uma gaiola vermelha;
· entre outros...
O que? Acha que estas frases são atuais? Viu como é retrô?!...
Convoco os leitores para escreverem sobre o que mais é retrô no Brasil em questões da gestão da qualidade, meio ambiente, responsabilidade social e saúde e segurança ocupacional. A falta de dados sobre os níveis da qualidade no Brasil e no Mundo faz com que acreditemos apenas na nossa percepção.
Quanto ao teste de conhecimento colocado no LinkedIn, a resposta correta é:
Em média, no mundo todo, homens de 30 anos passaram dez anos na escola. Quantos anos passaram na escola mulheres da mesma idade?
A: Nove anos – esta é a correta
B: Seis anos
C: Três anos
Espero que tenham acertado.
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